15 junho 2014

O risco das generalizações

Estupros e assassinatos de mulheres na Índia levaram o grupo "YesNoMaybe" a fazer uma experiência em Nova Délhi destinada a estudar as reacções das pessoas ante o estupro. A conclusão é abusiva, pois nada no vídeo revela a indiferença generalizada apontada no título da primeira imagem abaixo.

"Estamos na rota certa", "As pessoas estão satisfeitas", "As populações disseram que querem um tractor", "Estamos a vencer as dificuldades", "São orientações do partido", "Os europeus", "Os africanos", "O povo confia em nós", "Vídeo mostra falta de reação dos indianos diante de estupro em Nova Délhi" - eis alguns  problemas generalizantes do que Georg Simmel chamou, um dia, "unidade psicológica de grupo". Em que consiste essa unidade? Consiste  na produção de uma totalidade unitária da qual são eliminadas as diferenças entre os indivíduos. Eis os problemas que Simmel levantou: é a unidade de grupo construída a partir de processos psíquicos dos dirigentes? A partir de um tipo médio? A partir da maioria dos membros do grupo? A partir de que efectivo os desviantes seguros ou prováveis podem ser tomados como quantidade  negligenciável? Em que medida o carácter mais ou menos rigoroso da "interdependência funcional" (sic)  ligando os membros do grupo autoriza ou interdita tratar a informação lacunar de que dispomos como caução da unidade psíquica do conjunto? O que chamo problema de Simmel permite, creio, interessantes exercícios analíticos, a começar logo pelos políticos.

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