30 abril 2011

A "hora do fecho" no "Savana" (edição de 29/04/2011)

Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "A hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Deliciem-se com "A hora do fecho" desta semana, da qual ofereço, desde já, um aperitivo:
*O fanfarrão do IGEPE, com todo o seu palaver ultra-liberal, auto-proclamava-se a de toda poderosa solução para a má gestão nas empresas participadas pelo Estado. Mas se o que foi dito esta semana a seu respeito corresponder à verdade, então que Deus nos livre.

3 comentários:

ricardo disse...

Desculpe-me a franqueza, caro Professor, mas se Hamela "comesse" em família IGEPE nada disso teria chegado à imprensa. Isto tudo é consequência de não conhecer a casa, e nem sequer se ter preocupado em fazê-lo. O carreirismo frelimesco também conta num ministério como o das Finanças. Aliás, vale dizer, por ordem de frelimice (obrigação de ser militante) aquele será porventura o terceiro depois dos Antigos Combatentes e da Defesa. Nem o do Interior lhe chega aos calcanhares em frelimice. Hamela, que se saiba, não tem carreira na Função Pública digna da nomeação que recebeu.

E digo-o com a convicção de quem não endossa nenhuma das teorias neoliberais que Hamela - pau mandado do FMI e treinado na USAID com esse objectivo, defende.

E digo-o também porque, estou com a sensação que a Função Pública moçambicana é o local mais perigoso do mundo para qualquer empreendedor poder desenvolver ou sequer atrever-se a esgrimir as suas ideias. Aliás, a profusão de anonimatos neste blogue, bem nos mostra como isso é verdade. Como se constata, há muitas opiniões "anónimas" que se tivessem campo na Função Pública certamente todos estaríamos hoje a celebrar.

Por isso, na minha modesta opinião, o caso IGEPE, assim como os demais (Aeroportos, etc.) reflecte a guerra entre duas linha antagónicas da FRELIMO com relação ao projecto da Nação. Por um lado, uma linha neoliberal - sem ideologia - disposta a ir até ao fundo, se for para ganhar dinheiro. E uma linha conservadora - ideologicamente arcaica - acomodada, parasitária, disposta a sacrificar o projecto da Nação, para preservar o status-quo.

E não se vislumbra uma terceira via que seja genuinamente moçambicana. Nem na FRELIMO. Nem na Oposição. Apenas nas ONGs e chancelarias estrangeiras. Mas isso é uma outra história.

Que grande maçada!

Anónimo disse...

Chegados ao poder, como é difícil passar ao lado da Gamela.

Hamela faz lembrar Mutisse: ambos com muita teoria, MAS não vão além disso ... "muita para, pouca uva".

Eugénio Chimbutane disse...

Excelentes contribuições de Ricardo e do anónimo.

O mundo função e das empresas publicas e complexo. Os PCAs pára-quedistas parece estarem a cair num rio cheio de crocodilos. Completamente minado e prontos para o ataque.

Acho que o PR deve mudar de estratégia, nomear PCAs *made in* nas respectivas empresas. Pessoas que tem carreira nessa mesma empresa. Acho que há ai técnicos capazes também não necessariamente políticos.