25 julho 2008

A "hora do fecho" do "Savana"

Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "Na hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Deliciem-se com a "hora do fecho" desta semana:
* Gás e telemóveis parecem ser uma combinação particularmente explosiva. Para os lados de Pande estão em curso testes e abertura de novos furos de gás. Como as perfurações são perto da estrada e se mantém uma labareda piloto na perfuração, telemóveis-automobilistas logo fizeram chegar célere a notícia à capital. Há fogo em Pande, à semelhança do que aconteceu nos anos 70, quando o clarão podia mesmo ser visto na cidade da Beira.
* No badalado caso do rapto da moçambicana de origem holandesa, parece estar-se perante o perfil de um malandrim de tipo novo. Mesmo à hora do fecho, apurámos que Mauro Gibrail Gulamo, o alegado líder do gang que sequestrou Nicoline Matos, é conhecido no bairro e pelos seus amigos como uma pessoa muito comedida e não se lhe conhecem vícios. Quando bebe, não exagera. Tem um “Pajero”, uma casa, ainda em construção, de quatro pisos no bairro Triunfo, num terreno 30x50m, ao lado da discoteca “Tara”, perto do complexo das “Testemunhas de Jeová”. Nunca se envolveu em actos de violência e tinha fama de medroso.
Fez todo o ensino pré-universitário em escolas privadas da capital, o colégio Nhamunda e o Kitabu, até ingressar na UEM em 2002.
Ainda adolescente, teve uma mota de quatro rodas. Logo após completar 18 anos, teve o seu primeiro carro.
Também tem um cão, e não se lhe conhecem namoradas. Nunca foi dado à prática de desporto, salvo como acompanhante de amigos desportistas. Ocasionalmente participou em peladinhas de praia e, nos últimos dois anos, começou a fazer pesos.
Antes do sequestro, consta que procurou alguns indivíduos que já estiveram a contas com a polícia, alegadamente por causa de pequenos roubos. Tem uma frota de táxis, três, que opera na zona adjacente ao Hotel VIP.
A notícia do seu envolvimento no rapto divide opiniões no bairro. Há quem jura que é um arranjo que visa desacreditar a mãe - uma jurista empregada nas Alfândegas - e outros que acreditam que o facto de nunca lhe ter faltado nada é a causa. “Não sabe o que é fome, logo só pode pensar porcarias”, dizem em surdina algumas “mamanas” da zona, ao mesmo tempo que dizem, também, que pode relacionar-se com o facto de, segundo as más línguas, os pais estarem separados.
Não é verdade que tenha viajado para o Japão e para a China. Também dizem que o que alertou os pais foi o facto de terem gasto três mil dólares, numa assentada, no fim-de-semana a seguir ao rapto, na badalada discoteca Coconuts.

Em voz baixa
* A maçaroca quer a todo o custo tocar o batuque no Chiveve. As perdizes andam em polvorosa e já começaram a gritar fraude fora da época. Perante mais esta ofensiva, mano Deviz continua sereno.

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